O governador José Roberto Arruda (DEM), do Distrito Federal, jura que vinha sendo chantageado há algum tempo por Durval Barbosa, seu secretário de Relações Institucionais.

Barbosa foi quem denunciou o mensalão do DEM à Polícia Federal. Em troca, espera se safar de 27 processos a que responde - a maioria por corrupção.

Por que Arruda não demitiu Durval quando começou a ser chantageado por ele?

Simples: se demitisse Durval ele o entregaria do mesmo jeito.

Durval cuidara das finanças da campanha de Arruda. E fora destacado mais tarde pelo próprio Arruda para cuidar do pagamento do mensalão a deputados distritais e secretários de Estado.

A história de vídeos e de grampos aplicados à política do Distrito Federal não é nova. Repete-se mais uma vez - e não como farsa.

No segundo semestre de 2002, os irmãos Passos, os mais famosos grileiros de terras de Brasília, brigaram com Eri Varela, advogado do então governador Joaquim Roriz (PMDB) e presidente da Terracap, a maior empresa imobiliária do país.

Varela alegava que os irmãos haviam loteado irregularmente uma fatia do Lago Sul próxima ao local onde seria construída a Ponte JK.

Os Passos acusavam Varela de querer lucrar com o empreendimento deles.

Em telefonema gravado para Roriz, Pedro, um dos irmãos, contou que presenteara Varela com vários lotes, mas que ele exigia outros.

- Pode deixar, eu resolvo - respondeu Roriz, solícito.

Os Passos e Roriz eram sócios na criação de cavalos de raça.

Roriz concedera a um dos irmãos a mais alta condecoração do governo. Em 1995 fora avalista de um empréstimo de um milhão de dólares tomado pela construtora dos irmãos junto ao banco Bamerindus.

Mesmo assim, os Passos vazaram para o Correio Braziliense o diálogo de Pedro com Roriz - e mais uma dezena de vídeos onde apareciam deputados e até desembargadores pedindo lotes de presente.

Feita às vésperas do primeiro turno das eleições daquele ano, a denúncia dos Passos acabou provocando o segundo turno entre Roriz , candidato à reeleição, e Geraldo Magela, do PT. Roriz ganhou por pouco.

Pedro foi preso antes da eleição e solto a tempo de se eleger deputado distrital com o apoio de Roriz.

Arruda está certo quando afirma que Durval sempre esteve a serviço de Roriz. Ele é que foi bobo de só ter sacado isso há pouco tempo.

Durval foi presidente de uma empresa estatal quando Roriz governava Brasília em 2006. E foi cedido por Roriz para ajudar Arruda a se eleger.

Roriz e Arruda romperam de vez em meados de 2007 por ocasião da chamada Operação Aquarela. Destinada a desarticular uma quadrilha que desviava verbas públicas no Distrito Federal, a operação envolveu a Polícia Civil, a Receita Federal e o Ministério Público do Distrito Federal.

Foram presas 19 pessoas - entre elas Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do Banco de Brasília por indicação de Roriz. A polícia havia gravado uma conversa entre Tarcísio e Roriz onde eles discutiam a partilha de R$ 2,2 milhões dados a Roriz por Nenê Constantino, dono da GOL.

Na época, Roriz era senador. Por causa da história do cheque renunciou ao mandato, escapando assim de ser cassado. Mas jamais perdoou Arruda. E preparou sua vingança sem pressa. Durval foi seu instrumento.

Se a Operação Aquarela pegou Roriz, a Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal pegou Arruda na semana passada. Elas por elas.

Se o DEM expulsar Arruda, ele não poderá disputar as eleições do próximo ano.

Roriz é desde já candidato à vaga dele. E está convencido de que se elegerá governador do Distrito Federal pela quarta vez.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Top