Ainda atordoadas com a pressão das ruas, as principais legendas do País buscam maneiras de resgatar a sintonia com a população

Os políticos brasileiros nunca estiveram tão desorientados como agora, sob a pressão da escalada de protestos que surpreenderam o País. Dirigentes dos principais partidos passaram as últimas semanas procurando decifrar o recado das ruas na ânsia de dar respostas rápidas à população. Afinal, as eleições de 2014 já batem à porta e, se quiserem sobreviver, necessitam estar mais próximos das pautas das manifestações. No PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, montou um gabinete de crise na tentativa de abrir algum diálogo com movimentos sociais e se antecipar a novos focos de insatisfação. Nos diretórios tucanos, dirigentes discutiram maneiras de aproveitar uma eventual onda de desgaste do governo petista. Para isso, buscam articular seus frágeis braços sociais e dar fôlego à sua militância. Os tucanos estão empenhados em enxergar quais as novas bandeiras que podem agregar na campanha do próximo ano. A tímida juventude tucana, que não teve papel algum na organização dos protestos, passou a ser vista pelo PSDB como uma alternativa de aproximação com os novos manifestantes. ...

O PT está envolvido em tensos debates. Acostumado a liderar manifestações, o partido viu-se pela primeira vez na condição de alvo. Tanto as iniciativas para desvendar o que significam os protestos quanto os debates sobre o que fazer evoluem lentamente. Críticas ao “movimento sem rosto e organização” são frequentes. Porém, também aparece uma vaga autocrítica. Na quinta-feira 27, a Executiva Nacional do partido se reuniu na capital paulista para avaliar o estrago causado em sua imagem pelos protestos. No encontro, alguns petistas fizeram um mea-culpa. “O PT não fez a leitura correta das transformações sociais ocorridas no Brasil”, lamenta Edinho Silva, presidente do diretório paulista. Na opinião dele, o maior erro “foi achar que os ganhos materiais dariam conta das necessidades dos jovens brasileiros.” Para o senador pernambucano Humberto Costa, o partido necessita “resgatar seu caráter inovador e estar afinado com as novas bandeiras”.

A ala mais à esquerda do PT, inconformada com os apelos apartidários dos protestos, aposta que o pacto sugerido pela presidenta Dilma Rousseff possa levar a sigla a retornar ao seu antigo campo político e ideológico. É o que defendem setores interessados em voltar a desfraldar velhas bandeiras, como a do controle da mídia. Uma das ideias é reanimar os movimentos sociais historicamente ligados à legenda, como o MST e a CUT. “O partido se debruçou na tarefa de governar e se afastou das ruas. É preciso se oxigenar. Existe um déficit democrático e nós precisamos dar respostas”, analisa o deputado federal Paulo Teixeira (SP). O ponto de partida dessa nova estratégia será no próximo dia 11, quando a CUT organizará um ato reunindo as principais centrais sindicais do Brasil.

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