Com o comando das duas casas do Congresso Nacional, o PMDB, em reuniões internas, decidiu usar o parlamento para imprimir uma agenda positiva e mostrar que está em harmonia com as aspirações populares. Os encontros na legenda foram comandados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ele próprio um dos alvos dos protestos. No início da semana, Renan anunciou o cancelamento do recesso parlamentar programado para a segunda quinzena de julho. “Vamos mostrar que não estamos inertes. Se aprovarmos os projetos reivindicados pela população, poderemos dizer: o Congresso andou graças principalmente ao esforço do PMDB”, bradou Renan em discurso proferido durante reunião com as principais lideranças da legenda em Brasília.

A exemplo do PMDB, o PSB decidiu apresentar uma agenda ao Congresso propondo a votação a toque de caixa de projetos já existentes, como o que reduz o número de assinaturas para a criação de leis por iniciativas populares e a ampliação do mecanismo de participação política direta. Na noite da segunda-feira 24, após participar de evento com a presidenta Dilma, o governador de Pernambuco e presidenciável pelo PSB, Eduardo Campos, encontrou o líder de seu partido no Senado, Rodrigo Rollemberg, em um hotel em Brasília. Na conversa, Campos esquadrinhou os próximos passos da legenda. Ponderou, no entanto, que as manifestações populares confirmam o discurso entoado por ele durante as inserções de tevê este ano. Para Campos, os avanços alcançados na última década já não são considerados suficientes para a população. Apesar das iniciativas dos partidos no sentido de diminuir o abismo entre a sua atuação e o clamor popular, persistem as dúvidas sobre a melhor maneira de responder à população. “Quem falar que entendeu tudo ou é bobo ou está mentindo”, avalia o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG). O consenso entre todos os dirigentes partidários é que as siglas precisarão se reinventar se quiserem resgatar a sintonia de outrora com as ruas.

Montagem sobre foto: Eraldo Peres/AP Photo

Fonte: Revista ISTOÉ - N° Edição: 2276 - 29/06/2013

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