Redação Jornal da Comunidade


O facebook lidera é uma das redes sociais mais visitadas segundo a Hitwise, ferramenta de inteligência em marketing digital


Velocidade da informação na internet determina força da mobilização que vem levando milhares de pessoas às ruas do país para demonstrar descontentamento geral

As redes sociais na internet fomentam, há alguns anos, o desejo de se manifestar da população, em especial dos jovens, que encontraram nelas o espaço democrático e privilegiado para exporem, cada um de seu jeito, suas preferências, ideologias, circunstâncias, banalidades, divagações e seus descontentamentos. As manifestações ocorridas nas últimas semanas por todo o país é a materialização do que já vinha em ebulição nas redes sociais, em especial, no Facebook e no Twitter, que viraram ferramentas preferenciais para a propagação de posicionamentos ideológicos.
Para o professor de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Vítor Iório, as redes sociais são a grande novidade de articulação e mobilização de pessoas no século XXI. Esse mecanismo “poderoso” já mostrou sua força na Europa, Ásia e África, e chegou para mostrar toda sua força no Brasil.
A velocidade com que as redes propagam informações e arregimentam multidões, principalmente entre os jovens, estão entre os fatores determinantes dessa nova realidade que traz à tona, segundo o pesquisador, a crise existencial do homem contemporâneo que se viu banalizado pelo sistema capitalista.
O pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luiz Antonio Joia, destaca que os protestos brasileiros estão se dando de forma inédita graças à internet e às redes sociais. Em entrevista à Agência Brasil, o estudioso comentou sobre o que chama de fenômeno da e-participação (ação política pela rede social). “Esse movimento é a cara da web. Ele é anárquico, sem dono e impessoal, que se autorregula e suporta qualquer coisa. É a transposição da world wide web (internet) para o mundo real. É surpreendente e imprevisível”, observou.
Joia reforça que a rede mundial de computadores mudou a concepção de tempo e de espaço das pessoas e as relações sociais, o que foi determinante para o processo de reivindicações hoje vivenciado no país. “Você passa a saber tudo o que acontece em tempo real, o que faz com que as pessoas se engajem numa velocidade absurda. A tecnologia não gera o fenômeno, ela o amplifica”, avaliou.
Para o pesquisador da FGV, as reivindicações pontuais como o aumento das tarifas de ônibus, os gastos com a Copa das Confederações e do Mundo, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, entre outros, contribuíram para unir grupos insatisfeitos com variadas questões e que viram a oportunidade para manifestar seu estado de descontentamento nas ruas.
Entusiasta da mobilização que está acontecendo pelo país, o estudioso admite que a falta de liderança e de pauta do movimento são fatores complicadores do processo. “Você pode ter na mesma passeata duas pessoas lutando por coisas totalmente opostas. Diferentemente da Primavera Árabe e de movimentos na Europa, no Brasil não há uma pauta”. Ele acrescenta que a falta de foro pode representar um risco para o movimento à medida que pode dar margem para que oportunistas e partidos políticos se apropriem do processo. “É importante que as pessoas digam o que querem e, sobretudo, como querem, como implantar esse projeto”, avalia. Joia completa que não dá para prever o que vai acontecer e que pode não dar em nada toda essa mobilização, mas acredita que pelo menos deixará uma semente que vai servir de lição para a sociedade.
Outro professor da FGV, Rafael Alcadipani, acredita que as redes sociais quebram o monopólio do acesso à informação. “As redes sociais fazem com que as pessoas possam divulgar suas próprias informações. Isso significa que você tem uma interação muito rápida on-line, as pessoas acabam tirando conclusões e começam a agir. As redes sociais fazem com que as informações virem um rastilho de pólvora sem ter um controlador”, comenta o estudioso. Ele observa que as redes sociais conseguiram disseminar a revolta e a indignação da população devidas ao distanciamento entre o governo e o povo. “As pessoas estão querendo de volta o governo para si, que esse governo passe a atender os anseios das pessoas. O Brasil está em um momento em que as autoridades precisam começar a se atentar para reformas profundas que há tempos precisam ser feitas e não foram. O que está acontecendo é por conta desse distanciamento entre governo e povo”, comentou Rafael em entrevista à Globo News.



Classes mais baixas também têm espaço




Foto: Alan Santos/CedocTodas as classes sociais já têm acesso às redes sociais de forma proporcional

Todas as classes sociais têm acesso às redes sociais e as utilizam de forma proporcionalmente similar. É o que aponta a pesquisa Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) Domicílios divulgada, no dia 20 de junho, em São Paulo. Segundo dados do levantamento, 73% dos usuários da internet utilizaram essas redes nos últimos três meses, alcançando na classe A percentual de 78%, enquanto nas classes D e E o número chegou a 69%.
“Essa atividade de uso das redes sociais ocorre praticamente de forma independente do nível socioeconômico. Populações das classes A, B, C, D e E usam quase que igualmente o Facebook e o Orkut. Isso, de certa forma, explica essas experiências que temos vivido nas últimas semanas, nas quais o nível de mobilização por meio das redes sociais se dá de forma muito expressiva”, destacou Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudo sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), entidade responsável pela pesquisa.
Na comparação por faixa etária, no entanto, observa-se que o uso é menor entre usuários com 60 anos ou mais (46%). O pico de utilização das redes sociais ocorre entre jovens com idade entre 16 e 24 anos (86%). Também é alto (75%) a utilização entre os que têm de 25 a 34 anos. A proporção cai para 65% entre 35 e 44 anos e chega a 52% entre os usuários com idade entre 45 e 59 anos.
Apesar de apresentar alto percentual de utilização, as redes sociais, entretanto, estão em segundo lugar entre as atividades exercidas na internet. A busca por informações foi a mais utilizada, apontada por 84% dos usuários. Na classe A, esse percentual atinge 96% dos usuários e na classe D e E, 64%. Também há diferença na comparação por grau de instrução. Entre os que possuem nível superior, essa atividade foi citada por 95% dos entrevistados. Por outro lado, 63% dos analfabetos ou das pessoas com baixo grau de alfabetização disseram ter buscado informação on-line nos últimos três meses.
O uso de e-mails é apontado como atividade exercida nos últimos três meses por 70% dos usuários. A disparidade entre classes sociais, no entanto é grande: classe A, com 94%, e classes D e E, com 46%. A proporção decresce com a diminuição do nível de renda: na classe B, 80% disseram ter enviado ou recebido e-mail, e na classe C, 63%. Os microblogs, como o Twitter, tiveram baixo registro de uso, com média de 15%. Na classe A, no entanto, o percentual chegou a 32%. A faixa etária de 16 a 24 anos é a que mais utiliza a ferramenta, representando 22%.
O número de pessoas que utilizam a internet para acessar serviços governamentais cresceu aproximadamente 110% na comparação com 2011, passando de 31% para 65% nesta pesquisa. Os entrevistados responderam se fizeram uso desse tipo de site nos últimos 12 meses. Pessoas da classe A (88%) e de nível superior (85%) apresentaram os maiores percentuais.
A proporção de usuários que fazem compras pela internet (31%) manteve-se praticamente estável em relação à última pesquisa (29%). Em 2008, o percentual era de aproximadamente 17%.



Demandas já estavam nas redes



O analista de mídia, Ronaldo Lemos, destacou que as demandas que estão nas ruas já vinham ecoando nas redes sociais, mas as autoridades brasileiras não davam importância. Em entrevista à Agência Brasil, ele comentou que a internet vinha sendo pensada como algo à parte da sociedade brasileira, no entanto a rede mundial de computadores já havia chegado às comunidades carentes, às lan houses e com isso ampliou-se a participação e o acesso à informação. “Por trás de algumas das ideias colocadas na internet havia pessoas que não estavam contentes expressando sua opinião. Aí elas expressaram cada vez mais, foram ignoradas cada vez mais e resolveram partir para as ruas. É fascinante que o transporte público tenha sido o estopim porque isso é a síntese dos problemas que o país vive hoje”, avalia.
O analista ressalta que tudo o que acontece na rede e nas mídias sociais tem um círculo de atenção muito rápido.
Para o pesquisador de política social da Universidade de Brasília (UnB), Vicente Faleiros, o despertar pronunciado pelos manifestantes apela para mudanças radicais no modo de fazer política. Ele considera que está sendo questionada a maneira como está organizada a representatividade no país. “É preciso modificar a relação da política com o povo e com o mercado”, enfatiza.


Saiba mais sobre as redes sociais
Rede social é uma estrutura social composta por pessoas ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Uma das características fundamentais na definição das redes é a sua abertura e porosidade, possibilitando relacionamentos horizontais e não hierárquicos entre os participantes. “Redes não são apenas uma outra forma de estrutura. Parte de sua força está na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente.”
Muito embora um dos princípios da rede seja sua abertura e porosidade, por ser uma ligação social, a conexão fundamental entre as pessoas se por identidade. “Os limites das redes não são limites de separação, mas limites de identidade. (…) Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pela rede.”
As redes sociais on-line podem operar em diferentes níveis, como, por exemplo, redes de relacionamentos (Facebook, Orkut, MySpace, Twitter, Badoo), redes profissionais (LinkedIn), redes comunitárias (redes sociais em bairros ou cidades), redes políticas, dentre outras, e permitem analisar a forma como as organizações desenvolvem suas atividades, como os indivíduos alcançam os seus objetivos ou medir o capital social.

Facebook lidera

A rede social Facebook liderou a top 10 das redes sociais mais visitadas no Brasil em abril, segundo a Hitwise, ferramenta de inteligência em marketing digital da Serasa Experian. No período do levantamento, a rede social teve 66,54% de participação de visitas, alta de 21,97 ponto percentuais em relação ao mês de abril de 2012.
Em abril de 2013, o YouTube aparece em segundo lugar na preferência do usuário de internet, com 18,48% de participação de visitas, com alta de 0,27 ponto percentual no ano contra ano. Já o Orkut, em terceiro lugar, tem 2,20% de participação de visitas, registrando perda de 19,09 pontos percentuais na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Em quarto lugar no ranking de abril de 2013 ficou o Ask.fm (2,10%), seguido pelo Yahoo! Respostas Brasil (1,80%), Twitter (1,75%), Badoo (1,05%), Bate-papo UOL (0,84%), Google + (0,78%) e Windows Live Home (0,57%).
O tempo médio de visitas ao Facebook foi de 28 minutos e 52 segundos em abril de 2013, enquanto no YouTube, os usuários gastaram 22 minutos e 33 segundos na navegação em média.

- See more at: http://docafezinho.com.br/?p=25940#sthash.Pv7KiTC1.dpuf

0 comentários:

Postar um comentário

 
Top