Johnny Braga

Uma família e um dilema: encontrar o patriarca desaparecido há 55 dias. Espalhar cartazes, monitorar uma página no Facebook e fazer buscas exaustivas todos os dias tem sido a rotina da família de Antônio Rodrigues Neves, conhecido como Tonico, desde que ele desapareceu, em 5 de julho deste ano. Tonico sofre de esquizofrenia, o que faz com que ele tenha surtos psicóticos em alguns momentos.

A família acredita que ele esteja nas ruas vivendo em condições precárias, pregando a palavra de Deus. Isso acontece desde o primeiro surto, há 11 anos. Tonico costumava avisar quando saía de casa, em Vicente Pires. Ele deixava bilhetes dizendo quando voltaria.


Mas, da última vez, ele não deixou nenhuma pista. “Tonico é uma pessoa tranquila. A doença se manifestou de maneira forte e despertou um lado que ele não tinha e quase não acreditava. Ele vive normalmente, mas quando os surtos se manifestam, ele muda o comportamento”, diz a mulher dele, Angélica Celeste Nunes, 46 anos.

Cartazes

Ela conta que as buscas já tomaram grande parte do DF. Mais de cinco mil cartazes, com três fotos que mostram três condições físicas em que Antônio possa estar vivendo, foram impressos. “Ele deixa a vaidade de lado quando tem esses surtos. Daí, se aparenta conforme o pensamento que ele diz ser ordem de Deus. Tem vezes que ele anda como um discípulo, com um cajado, túnica e deixa a barba crescer. Ele pode estar assim”, afirma.

O filho de Antônio, Rafael França, 19 anos, conta que, um dia antes de desaparecer, o pai não mudou de comportamento. “A gente sabia quando ele não estava bem, porque ele começava a cantar alto, fazer jejum, não dormir e ficar ansioso. Outra característica é que ele dizia ver demônios. Isso pode nos ajudar a ter pistas sobre ele”, acredita.

Quando saía de casa, ele levava um cajado e um violão de cinco cordas, mas esses objetos não foram levados. Antônio também costuma se apresentar com outros nomes, como Irmão Neves.

Doença provoca alucinações

A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica que se caracteriza pela perda do contato com a realidade. A pessoa pode ficar com o olhar perdido, indiferente a tudo o que se passa ao redor, ou ter alucinações e delírios. Ela ouve vozes e imagina estar sendo vítima de um complô tramado com o propósito de destruí-la. Não há argumento que a convença do contrário.


Tonico era servidor da Câmara dos Deputados. Ao adquirir a doença passou a viver em um mundo isolado, e dizia receber ordens do céu. Passou a desprezar o uso de carro e agora anda de ônibus. 

Angélica conta que tentou espalhar cartazes em coletivos, mas foi impedida pelas empresas. “Eles dizem que o DFTrans não autoriza esse tipo de campanha”, lamenta. O órgão informou à reportagem que a família deve protocolar solicitação junto à Diretoria Operacional, na sede da autarquia, para que o caso seja analisado. O DFTrans diz que há aplicação de multa caso o procedimento seja descumprido.

O desaparecimento foi informado à polícia, que tem apoiado a família nas buscas. O Instituto Médico Legal já entrou em contato em algumas ocasiões. A família, agora, espera a ajuda da sociedade. “Há 55 dias não dormimos, não comemos nem vivemos normalmente. Nossa aflição tem aumentado a cada dia. Ele pode estar em qualquer lugar”, diz Angélica, emocionada.

Caso Felipe


O estudante Felipe Dourado Paiva, 22 anos, foi encontrado na última sexta, após ter ficado 13 dias desaparecido. Ele estava na Rodoferroviária, em uma caixa de papelão, quando foi visto pelo morador de rua Adeílson Mota, 37 anos. Como recompensa, a família atendeu ao pedido de Adeílson e o ajudou a ser internado para se tratar do vício de drogas.

Para ajudar

Quem tiver informações sobre o paradeiro de Antônio Rodrigues Nunes pode entrar em contato com a família pelo número 8418-2320 ou pela linha da polícia militar, 190.

Para curtir a página no Facebook, o endereço é www.facebook.com/vamosacharantonico.

Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br

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