Secretário da Casa Civil destaca os projetos desenvolvidos e fala sobre o trabalho político e de gestão na pasta


Eduardo Brito e Suzano Almeida

Um governo que faz muito, mas se divulga pouco. Essa é a análise do secretário-chefe da Casa Civil do Distrito Federal, Swedenberg Barbosa. Em conversa com o Jornal de Brasília, o secretário falou sobre seu perfil reservado e a separação do lado político e de gestão que ele imprime na pasta, que assumiu em março de 2012.


Com uma equipe do governo federal, ao mesmo tempo misturada com o governo local, a Casa Civil se ajustou ao que já vinha sendo feito dentro do governo e proporcionou os resultados de hoje. “À Casa Civil cabe a coordenação administrativa e a gestão, por tanto a articulação das políticas, projetos e prioridades para ajudar o comando político, depois de definido fazer a entrega dos produtos”, destaca o secretário.

A população pouco conhece o senhor, pelo fato de gostar mais de trabalhar do que aparecer. O que podemos destacar sobre o seu trabalho à frente da Casa Civil?
É importante dizer que o governo se inicia em 2011, quando o governo recepcionou uma série de dificuldades, que são reconhecidas pela opinião pública. Quando o governador me chama para participar de seu governo, em março de 2012, na verdade foi para ajudar a organizar o governo e ao mesmo tempo criar, do ponto de vista da gestão, condições para um bom desempenho. Uma vez que na pauta política, na distribuição interna, tem outras áreas que cuidam disso, como o próprio governador, o vice-governador e a Secretaria de Governo.

Quais os instrumentos usados pela Casa Civil e pelo governo para gerir as prioridades?

Para isso, instituímos a Junta Orçamentária, que é presidida pelo governador. É nesse ambiente, com a participação de outras secretarias e da Casa Civil, onde os grandes projetos e as prioridades são colocadas e os recursos dos orçamentos vinculados as prioridades. Você só executa alguma coisa na gestão se aquilo que foi definido como prioridade tem um orçamento por trás. Uma coisa que teve a ajuda da Câmara Legislativa para 2012 foi a instituição de execução e aprovação dos projetos estruturantes do Distrito Federal, que permitiram a Junta a evolução ao longo desse tempo. Disso eu não tenho a menor dúvida.

Sua indicação pelo governo federal foi para tapar buracos, como se ventilou?

Eu não vim resolver problemas de buracos do primeiro ano de gestão. O governo é algo continuo. Em 2011 ocorreram uma série de dificuldades que eu nem estava aqui, mas quem estava presente permitiu as condições para que a partir do segundo ano de governo muitas coisas se realizassem. Eu nunca fui nenhum salvador da pátria, nem muito menos tenho característica de puxar para mim algum êxito. Eu trouxe uma equipe do governo federal, ao mesmo tempo misturada com o governo local que se ajustou ao que já vinha sendo feito dentro do governo. São etapas onde o governo se arruma, depois organiza, executa e pega os produtos atinge as metas e, por fim, é o que a população espera ter. Eu sou um simples membro do governo, o comando político do governo é feito por duas pessoas eleitas: o governador e o vice-governador. A partir daí, você tem papéis dentro da estrutura burocrática do governo.

E qual o papel da Casa Civil nesse processo?

À Casa Civil cabe a coordenação administrativa e a gestão, por tanto a articulação das políticas, projetos e prioridades para ajudar o comando político, depois de definido fazer a entrega dos produtos. Eu sou um facilitador desse processo, é nessa condição que a Casa Civil age e nós contamos com pessoas que, já há algum tempo, contam com a experiência da gestão pública, aqui ou no âmbito federal, mas absolutamente associada ao esforço inicial do governo.

O senhor acredita ter mudado a cara do governo?


Não há um governo antes da minha vinda e outro pós. O governo é um simples somar a um processo que já havia sido iniciado em 2011. Nessa linha, a gente traz um conjunto de propostas e alternativas que apoiadas por quem tem o comando do governo geram alguns resultados importantes.

Dá para ser totalmente apolítico coordenando administradores regionais, que são indicados por políticos da base?

O governo tem 17 partidos políticos em sua base, uma estrutura administrativa forte, com 35 secretarias, 31 regiões administrativas e ao mesmo tempo indicações políticas dessas diversas áreas, sejam originárias de pessoas que receberam votos. A definição política de quem são os secretários ou os administradores não tem participação da Casa Civil. Não é que a Casa Civil não entenda o jogo da política, mas é que cabe a quem tem o comando político. Podemos considerar isso um modelo correto ou inadequado, mas é assim que funciona. A mim e a minha equipe não cabe questionar o tamanho da estrutura que se tem, nem o perfil dos gestores que estão envolvidos. Evidentemente que isso gera dificuldades, porque já tivemos situações em que vários partidos da base foram nossos adversários por inúmeros anos dentro da cidade. Então temos que fazer com que isso não interfira na gestão.

Atrapalha a gestão a exoneração de pelo menos 11 administradores que tiveram problemas divulgados, sendo que dois saíram presos?

Sem dúvidas atrapalha. A situação ideal é aquela que você inicia e termina um governo com a mesma equipe. Onde você define as políticas e os projetos e essa equipe, sabendo o papel de cada um e, com o compromisso de cada um, inicie e chegue até o final. Mas isso não existe. É como se falássemos de algo que exige na decisão dos governantes, quanto a composição e a qualidade da equipe seja um critério cada vez mais levado em conta, só nos aproximamos de uma situação dessas quanto melhor for a qualidade do gestor e o compromisso dele.

Como lida o Swedenberger político e o gestor, já que o senhor tem um passado político dentro do PT?

Eu tenho muito compromisso dentro da política. Sou um dos fundadores e filiado ao Partido dos Trabalhadores, fui dirigente por muitos anos e não nego essa condição. Muito pelo contrário: me orgulho da minha trajetória dentro do partido e em outros movimentos. A diferença é que eu não posso trazer isso para dentro da governança, pois nela não é que você tenha que ser apolítico, mas no mínimo um político que entenda seu papel naquele processo. Se eu tivesse vindo para ser o articulador político eu poderia exercê-lo, acredito que seria muito mal articulador, mas poderia exercer em outra secretaria. A mim coube cuidar da área da articulação e gestão. Não sou apolítico ou apartidário, mas tenho clareza que temos um governo amplo de composição, que nem dos meus companheiros de partido eu aceito a partidarização dos órgãos que estejam dentro do governo. É algo que eu por vezes também recebo críticas. Eu tenho claro que o governo não é de um único partido. Ele é de um projeto político que envolve vários partidos, então exerço meu papel de gestor de forma política, mas não como política preponderantemente. Eu sempre digo que no governo existe a diferença entre a gestão e a política.

E como separar a política da gestão pública?

Veja bem, eu recebo os administradores como gestores públicos, não como pauta política, porque a pauta política deve ser tratada com o secretário de Governo, com o governador, com o vice-governador ou no Conselho de Governo. Aliás, todos os administradores e secretários sabem disso: o chefe da Casa Civil trata do ponto de vista da gestão do governo. E eu digo que já tive muitos problemas por causa disso dentro do governo, porque no primeiro momento eram muitos os parlamentares que queriam conversar com o chefe da Casa Civil ou alguns queriam ser recebidos juntos com o administrador ou junto com algum secretário. Eu nunca fiz isso e não é desrespeito com o parlamentar e sim localizar os espaços dentro da estrutura governamental. O equilíbrio entre a política e a gestão tem que ser dada por quem tem o comando político, que é o governador.

Problemas político e de gestão, com muitos partidos, tem influenciado na execução dos projetos do governo?

Não. Um projeto para ficar de pé precisa definir todos os envolvidos, os fatores internos de governo e externos. Se fossemos ver o tempo de governo, só nos referindo ao investimentos do governo federal temos R$ 18,8 bilhões para serem ser utilizados do governo federal com a confiança da presidente Dilma Rousseff. São R$ 18,8 bilhões para 245 projetos em seis eixos distintos. Aqui eu preciso ter o gestor para acompanhar cada vírgula do que está sendo empregado, para que os recursos possam sair e esteja tudo ok, quando precisar envolver outros órgãos federais e no âmbito local a mesma coisa.

Qual projeto o senhor pode destacar da atua gestão?

O Expresso Sul nós começamos com recursos do Distrito Federal e não da União, embora já tivéssemos acordado com o governo federal que eles iriam aprovar recursos para apoiar o projeto. Por conta da demora, por decisão política, resolvemos iniciar o projeto. Para se ter uma ideia, estamos no final de 2013, apenas há um mês é que começaram a “pingar” os recursos do governo federal. Por tanto, é uma obra que se eu tivesse esperado o processo normal ela não estaria quase pronta. Por conhecimento de como funciona a máquina administrativa, você faz uma pré-conversa. Existindo a possibilidade, você se mexe para que aquilo para que possa ser agilizado. Nesse sentido quero agradecer os parlamentares que aprovaram na Câmara Legislativa um Regime Diferenciado de Contratação (RDC) no DF. Ele é justamente para os projetos estruturantes, nos modelos do governo federal. Isso dá agilidade ao governo.

O que governo divulga faz jus ao que ele tem feito?

Estamos fazendo uma política que revoluciona. Se é suficientemente divulgado ou não ai já não é comigo. Eu acho que é pouco e a minha impressão é que o governo faz muito. Mais do que consegue passar para a opinião pública. Temos melhorado, mas ainda é pouco. Se você faz e não divulga fica complicado para que as pessoas saibam da onde vem. Uma coisa é ter um secretário como eu que não quer falar, mas não é papel meu. Meu papel é criar as condições. Eu sempre digo quem vai tirar a foto não será a equipe da Casa Civil. Quem vai tirar a foto são as pessoas que de direito deve tirar a foto, que são os comandantes políticos do processo.

A entrega desses trabalhos tem potencial para resolver o problema de aprovação do governo?


Essa é uma questão complexa. Eu diria que um governo com uma má-gestão, num pleito eleitoral, ele já sai muito atrás, por tanto já terá dificultado o seu objetivo de vitória. Um governo com boa gestão, mesmo que seja excelente, ela em si pode não ser o fator preponderante para a vitória, mas seguramente não será o fator da derrota, a não ser que seja um fato isolado que mexa tanto com as pessoas que todo aquele arsenal de coisas que você tenha para mostrar se resuma a um determinado episódio. A obrigação dos governos, independente da questão eleitoral, é fazer um bom governo. Ninguém pede voto para fazer um mau governo. Uma boa gestão não ganha eleição, uma péssima dificulta e muito a vitória.

A segurança terá uma espécie de “Big Brother”, como funcionará isso?

Hoje já temos o Ciade, onde funciona a estrutura da Segurança Pública. Já temos alguns módulos com mais de 800 câmeras e vamos passar de 1.600 distribuídas pelo DF inteiro e na área central de Brasília. Já estão sendo colocadas nas cidades e nos locais considerados mais violentos e tudo isso vai ajudar a melhorar o sistema de absorvição de informações do Ciade. Para além da segurança, o projeto é desenvolver Centro de Gestão Integrada (CGI), que será uma parceria público-privada (PPP), coordenada na área de gestão administrativa pela Casa Civil e a área de segurança pela Secretaria de Segurança. Ele será um centro que recepciona tudo que acontece pelas câmeras e por relatórios. Pelo sistema de monitoramento a gente faz e entra em contato com os membros do governo e que cobramos dos órgãos. Talvez por isso que eu não sou, para alguns, muito amigo. Mas se alguém estivesse na ponta, no meu lugar, estaria cobrando da mesma forma. Meu papel é cobrar para que as coisas andem, longe de criar qualquer aresta essa é apenas minha atribuição.


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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