Nos 21 anos de ditadura, 1.843 presos políticos foram torturados
Em relatos de presos são citados pelo menos 246 locais em que houve tortura, a maior parte deles concentrada no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais

Alessandra Mello

Prédio do Antigo DOPS no Rio de Janeiro.

Uma guarita do tamanho de um colchão, com piso úmido e as paredes internas pintadas de vermelho. Uma sala revestida de duratex, totalmente preta, de pequenas dimensões, com temperatura baixíssima, sem janelas e com um sistema de som que reproduzia barulhos intermitentes. Um grande salão, também vermelho, com diversos aparelhos de tortura pendurados nas paredes e espalhados pelo chão e sobre uma mesa. Foram em locais como esses que pelo menos 1.843 presos políticos sofreram torturas durante o regime militar (1964-1985) no Brasil.

Não se sabe ao certo quantas dependências abrigaram centros de tortura, pois os relatos das vítimas são muitas vezes imprecisos, até mesmo em função da situação de debilidade dos presos por causa da violência sofrida e também porque muitos foram levados encapuzados para aparelhos clandestinos e sem o conhecimento da defesa deles. Mas em relatos dos presos — colhidos pelo projeto Brasil Nunca Mais (BNM) nos inquéritos instaurados pelo Superior Tribunal Militar (STM) durante a ditadura — são citados pelo menos 246 locais, espalhados por diversos estados, a maior parte deles concentrada no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) já pediu ao Ministério da Defesa que investigue as unidades das Forças Armadas que foram transformadas em centros de tortura no país durante a ditadura. Relatório da CNV aponta sete dependências militares usadas para esse fim, uma delas em Belo Horizonte: o quartel do 12º Regimento de Infantaria do Exército, no Barro Preto, Região Central. Já um estudo, ainda em andamento, coordenado pela professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e assessora da CNV, Heloísa Starling, confirma a existência até agora de 36 locais de tortura — incluindo áreas militares, delegacias e casas — em sete estados. No entanto, outra pesquisa, feita pelo historiador Rubim Aquino, já falecido, e lançada em 2010, aponta 212 endereços onde os presos políticos sofreram todo tipo de violência.

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