Quando Durval tornara-se arrecadadorGDF em 21/12/2009 às 9:09
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Do Estado de S. Paulo desta segunda-feira (21): Insatisfeito com a falta de prestação de contas da arrecadação de propinas, o governador do Distrito Federal (DF), José Arruda (ex-DEM), teria dado pessoalmente uma planilha ao ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa com a lista das companhias que prestavam serviço ao Governo do Distrito Federal (GDF) e o incumbido, a partir daquele momento, de operar a cobrança extra a empresas de informática.
O episódio, que teria ocorrido em meados de 2007, no “Buritinga” - situado na cidade satélite de Taguatinga, de onde Arruda despacha, e que ganhou o nome a partir de uma aglutinação do nome do Palácio do Buriti, que sempre foi sede do governo de Brasília, e Taguatinga -, foi relatado por Barbosa ao Ministério Público Federal, no último dia 9, segundo inquérito disponibilizado ontem pelo portal IG.
“O declarante afirma que o governador Arruda somente chamou o declarante para operar a arrecadação de propina dessas empresas porque as pessoas que estavam até aquele momento encarregadas por Arruda de fazer a arrecadação não estavam prestando contas a ele”, diz o documento. A ligação direta do governador com planilhas referentes ao suposto esquema de corrupção é mais um elo do caso que é conhecido como “mensalão do DEM” e que levou Arruda a se desligar do partido no início deste mês.
De acordo com as declarações de Barbosa contidas no documento, Arruda teria mostrado a ele uma planilha confeccionada pelo então corregedor-geral do DF Roberto Giffoni a pedido do próprio governador. A planilha traria a relação do volume de pagamentos feitos pelo GDF a todas as empresas que prestavam serviço de informática para o governo. Nesta conversa, Arruda teria mostrado a Barbosa insatisfação por não ter recebido recursos desta área até o momento e “queria saber onde estava o dinheiro”.
Foi nesse encontro também, conforme o depoimento de Barbosa, que Arruda teria determinado que o ex-secretário recuperasse a arrecadação que não havia aparecido até aquele momento. “O declarante negou-se a recuperar a propina sobre os valores já pagos porque não era o encarregado de operar a arrecadação”, diz o depoimento.
O posicionamento do ex-secretário teria causado uma reação de espanto por parte do governador: “Então eu vou ficar no prejuízo?” Arruda teria começado a disparar, então, telefonemas a todos os seus secretários que receberiam os serviços informando a respeito do novo arrecadador. Barbosa descreveu ao MP que a indicação de seu nome sofreu algumas resistências. Mesmo assim, a coleta passou a ser realizada, ainda que “paulatinamente”.
Barbosa deu ainda alguns detalhes, em seu depoimento, a respeito de algumas características sobre o modo de trabalho de Arruda. Que o governador chamava-o semanalmente para saber se havia algo recebido ou a receber. Que preferia, no entanto, que os recursos fossem acumulados e só recebesse somas superiores a R$ 1 milhão. E que controlava o pagamento por meio de uma listinha que carregava no próprio bolso.
O ex-secretário relatou ainda ao MP a respeito de um entrevero entre ele e o governador. Certa vez, Arruda avisou que “tinha um compromisso” e que precisava de R$ 4 milhões, mas o coletor explicou que a arrecadação não era suficiente, pois somava R$ 3 milhões. O governador pediu então que Barbosa guardasse o dinheiro na casa do secretário José Humberto Pires. “Arruda queria dizer que Zé Humberto iria arrumar um jeito de dar aparência de legalidade aos valores acumulados para Arruda”, afirmou Barbosa em seu depoimento.
Por intermédio da assessoria de Arruda, o advogado José Gerardo Grossi, que defende o governador, afirmou que as acusações de Durval Barbosa são “infundadas, irresponsáveis e caluniosas”.

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